Joana Maria Damasceno Peixoto, Colégio Santo Inácio Fortaleza, Brasil
O Brasil se tornou um país vaidoso, sempre muito preocupado com a sua imagem no exterior em detrimento da realidade brasileira, pois, como citou Machado de Assis, grande escritor brasileiro, “a vaidade é um princípio de corrupção”, já que a própria eleva o ego do indivíduo, fazendo-o se sentir detentor da supremacia, revelando, assim, a corrupção intrinsecamente enraizada no pensamento daqueles que deveriam realizar as necessidades da população, embora realizem apenas as suas aspirações. Nesse viés, é mais importante aparentar o bem-estar do país do que realmente fazê-lo crescer em todos os âmbitos, pois potencial para ascender a Nação possui, porém, os interesses privados sempre foram colocados à frente dos propósitos da democracia brasileira.
No Brasil, política e corrupção acabam, infelizmente, tornando-se palavras semelhantes por causa de um histórico não favorável, apontadas massivamente, nos dias atuais, pela mídia. Todos os dias são inúmeras matérias abordando o desvio de verbas, tanto para “empresas-fantasma” como para “paraísos fiscais”, o superfaturamento e o recebimento de propina. Esses exemplos de má conduta, outrora, não eram do conhecimento populacional, pois existia uma grossa “cortina de fumaça”, a qual impedia que o cidadão brasileiro enxergasse a realidade que vivia o pais, ou seja, alienava-o. Tal estratégia de manipulação, denominada política do pão e circo, foi usada na Ditadura Militar, quando o futebol foi a ferramenta de manipulação e controle social usada para desviar a atenção dos excessos cometidos no Governo de Médici para o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo.
A corrupção é uma herança histórica que corrompeu a sociedade, residindo nas bases da cultura brasileira. Tal ideia exemplifica-se na 76ª posição do Índice de Percepção de Corrupção que o Brasil ocupa, enquanto países como a Dinamarca, a qual ocupa o 1° lugar, têm altos níveis de liberdade de imprensa e de integridade entre aqueles que ocupam os cargos públicos, além de terem acesso à informação sobre orçamentos, ao passo que o Brasil tem maiores índices de desigualdade social. Essa distribuição de renda injusta e desigual gera renda baixa para maioria da população, a qual cresce com má qualidade na educação, precariedade na alimentação e instabilidade no ambiente familiar.
Diante disso, infere-se que uma má educação diminui as chances de os desfavorecidos entrarem no mercado de trabalho, e, assim, aquecerem a economia interna, que está fragilizada, visto que, nos últimos anos, enquanto os setores que movem a economia do país tentaram atingir os patamares de competitividade e produtividade, o governo falhava ao importar mais do que exportar, ao planejar estratégias mal elaboradas e ao fiscalizar de forma irregular e ineficaz, corrompendo e viciando a infraestrutura.
Por causa desses danos na infraestrutura, cujos investimentos são escassos, o governo optou por medidas de curto prazo, como o aumento do salário mínimo e dos impostos e a criação do “Bolsa Família e do “Minha casa, Minha vida”, ao passo que é imprescindível medidas de longo prazo, como uma educação qualificada proveniente de uma reforma de base, que ocorreu em grandes potências, como Japão, EUA, pois, como disse o célebre filósofo Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”. Entretanto, essa estrutura abalada favorece, em parte, quem está no poder, pois eles vão beneficiar seus próprios interesses e não os da população, até porque não se vê parentes próximos de políticos frequentarem as escolas e os hospitais públicos oferecidos à população.
Por conta disso, é fundamental que a Nação brasileira se conscientize de que a corrupção é o maior atraso no Brasil, totalmente paradoxal e prejudicial à democracia, pois os escândalos que estão vindo à tona propiciam a retirada de investimentos estrangeiros no país, fazendo-o perder credibilidade no contexto mundial sujando, assim, a sua prezada imagem. Além disso, a corrupção tem feito que a política econômica se submeta à política partidária, acarretando em uma desestruturação que afeta todos os setores sociais. Em síntese, é por isso que o Brasil, chamado tantas vezes de “o país do futuro”, não pode aceitar que as ideias de poucos se sobreponham às necessidades básicas e urgentes do povo brasileiro, estas que, apesar de garantidas na Constituição, estão longe de se concretizarem caso o comportamento, tanto do político ganancioso como do cidadão conformado, não mude. O Brasil precisa de uma reeducação em prol de um futuro verdadeiramente bom para todos.
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